segunda-feira, 27 de abril de 2009

Festa da Farinha vai agitar final de semana em Anastácio





Depois de um concorrido lançamento, a 4a edição da Festa da Farinha de Anastácio "A Festa de todos os encontros", o público aguarda ansiosamente pela próxima sexta-feira, 1 de maio, onde na Avenida Porto Geral, se reunirá o melhor da cultura e tradição nordestina existente em Anastácio e região.



A Festa será dias 1 a 2 de maio, com inicio diário às 19h. Com sucesso absoluto nas outras edições, realizadas desde 2006, a Festa mantém seu diferencial, onde tudo o que é comercializado, tanto na gastronomia, quanto no artesanato, é produzido pelos produtores rurais anastacianos.



Para que essa exposição culinária aconteça os produtores participaram de cursos de manipulação de alimentos e higiene alimentar, além de aprenderem a fazer outras receitas derivadas da mandioca. Esses cursos foram ministrados pela nutricionista Patrícia Silva Avelar, numa iniciativa da Prefeitura Municipal de Anastácio, através da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, parceira do evento.



Este ano, a 4a edição da ‘Festa da Farinha', terá a apresentação especial grupo de forró pé de serra: Val Patriota, os forrozeiros do Vale do Pajeú, além da participação dos repentistas Valdir Teles e Sebastião da Silva. Já no sábado, dia 02, o palco será tomado pela animação da cantora brasileira, de renome internacional, Elba Ramalho.



A Festa da Farinha de Anastácio já faz parte do Calendário Cultural e Turístico de Mato Grosso do Sul. A expectativa de público para essa edição é de 20 mil pessoas por dia no evento.

Neste ano, a "Festa de todos os encontros" atrairá olhares de todo o mundo, pois estará em exposição o maior saco de farinha do mundo, com mais três mil quilos, produzido especialmente para o evento, e que já está inscrito no Guinness Book (Livro dos Recordes).



Na praça de alimentação a culinária nordestina baseada na mandioca dominará os paladares, em iguarias como, por exemplo, tapioca, bolo de massa puba, jacuba, buchada de bode com pirão, torta de frango com mandioca, bombom de mandioca, bife de mandioca, bolo de folha de mandioca, sorvete de mandioca, brigadeiro de mandioca, sequilhos, e o famoso ‘viagra da mandioca' – bebida elaborada especialmente para a Festa da Farinha.



O anfitrião do evento, prefeito Cláudio Valério é o idealizador do evento e, conduz in loco a organização da Festa, que conta com a coordenação da Secretaria Municipal de Cultura, através do secretário José Edson dos Santos. Entretanto, o vice-prefeito Douglas Figueiredo, e todas as Secretarias Municipais trabalham unidas para que a Festa alcance mais uma vez o sucesso e brilhantismo que agrada a todos que irão prestigiar.



"A Festa da Farinha é para a família, é uma festa genuína, que é complementada todos os anos, onde usamos a melhor farinha da região. Com a festa há geração de renda para muitas famílias. Vamos trazer para a Festa da Farinha, um pedaço do Nordeste, para dentro de Anastácio", afirma o prefeito Cláudio Valério.



A Câmara Municipal de Anastácio apóia e incentiva a realização da Festa. De acordo com o presidente da Casa de Leis, vereador Manoel Luiz da Silva, "é um evento que preza pela preservação e difusão da cultura nordestina acrescida do olhar sul-mato-grossense, é esse misto que faz da Festa da Farinha, um evento sem igual e sem dúvida, promissor no cenário turístico do Estado. E nós enquanto Poder Legislativo, reconhecemos e apoiamos a realização dessa "Festa de todos os encontros".



Em sua estada no município na última quinta-feira, o presidente da Assembléia Legislativa, Jerson Domingos, fez questão de enaltecer a importância turística, cultural e econômica da Festa da Farinha de Anastácio, e ainda garantiu que estará prestigiando o evento.

José Pedro Frazão escreve a crônica 'Morta de Ciúmes'





Morta de Ciúmes

Pior que o ciúme causado pela ameaça de perda é o ciúme atribuído à inveja. Aquela dorzinha idiota provocada pelo sucesso dos outros ou pelo próprio egoísmo, que torna o invejoso um ser tão pequeno, mesquinho e desprezível. Como bem conceitua o filósofo Aristóteles: “inveja é sentir-se mal com o bem alheio”.

Pois é. A protagonista desta história não é tão feia, mas já foi mais atraente. É certo que no início, quando surgiu em Anastácio, era bem pior - uma gata borralheira, de tão mal-acabada e suja. Depois, aos quinze anos, debutou na cidade com ar de rainha, limpa, alinhada e vistosa; o centro das atrações.

Ela só não esperava que seu reinado chegasse ao fim, pela supremacia inesperada de uma antiga e horrorosa vizinha. Logo aquela velha imunda que vive cruzando a cidade sempre em direção ao rio, onde despeja seus dejetos. Tinha que ser logo essa, a mais feia das passarelas, com uma enorme, purulenta e mal-fechada cicatriz exposta da cabeça aos pés.

– Como pode, essa coitada, querer desbancar-me, roubar-me o título que mantenho há tantos anos? - reclama a nossa personagem, indignada.
Mas não adianta. Agora o povo só tem olhos para a outra, a bonitona Rua Porto Geral.

Os aplausos são para a rua feia que saiu do caritó; a pobrezinha que tirou o pé da lama; a borralheira que ganhou brilho e roupa nova; a que virou atração das festas, dos carnavais e até da renomada Festa da Farinha.

Morta de ciúmes, a Avenida Manuel Murtinho cruza ligeiro a Avenida Porto Geral em linha reta. E como, apesar de tudo, ainda é a preferida dos caminhoneiros, a sua única felicidade é sair do Frigorífico e ir dar lá na BR.

José Pedro Frazão
Crônica publicada no Correio do Estado em 25/04

AQUIDAUANA NEWS

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Leia crônica 'Palmeiras do rio Aquidauana', de Lacerda Alves

Por: Antônio Cezar Lacerda Alves* (www.marcoeusebio.com.br)

Num tempo distante,
Despertada pelo rufar trovejante de tambores,
Num céu nevoento e rasgado por raios luminosos,
Dependurou-se a primeira lágrima, seguida por outras tantas...

Lá embaixo, lá naqueles confins, sabedora do porvir, a terra nua e virgem, aninhou-se para receber seu rebento.
Ele desaguou indolente, atordoado...
Sabia do destino a ser cumprido.
Quase pediu que afastasse de si o seu cálice.

De repente as nuvens se esvaeceram.
As trombetas se calaram.
O céu, a vida e os morros ficaram iluminados.
O longínquo e vasto horizonte encheu os olhos do pequeno messias.
Um agourento presságio passeou pelos seus sentidos.
Pensou embrenhar-se pelas entranhas subterrâneas,
Escapar do seu fado, desertar da sua missão.
Uma grande ave, entretanto, pousou nas proximidades.
Ficaram se olhando por longo tempo.
Um discurso mudo foi travado.
Em seguida ela levantou vôo e ele, resoluto, a seguiu.
Buscou a superfície, desceu as escarpas e a seguiu.
E foi, e foi, e foi!

Ao longo de seu sinuoso caminho, arregimentou forças, conquistou outros veios.

Muitas léguas e muito tempo depois, num lugar paradisíaco, a lágrima que virou fonte, que virou riacho e que, por fim, virou RIO, teve que enfrentar sua grande peleja.

Uma peleja que se transformou num dos mais belos espetáculos da natureza:

No vigor da juventude, já caudaloso e viril, nosso destemido RIO AQUIDAUANA, para cumprir seu elevado destino, teve que enfrentar o muro maciço da SERRA DE MARACAJU.

Foi uma longa batalha.

Um demorado encontro amoroso.

Sem violência, mas com vigor e intermitência, as águas do rio foram batendo vagarosamente na pedra dura.

À distância, pousado sobre os galhos de uma piúva pantaneira, um esperançoso TUIUIU testemunhava o assombroso ato e aguardava o inesperado desfecho.


Muito tempo se passou.

De repente, numa manhã primaveril, ao som das trombetas celestes, sob o alvoroço de nuvens brancas, com o sol nascendo ali do lado, a SERRA enfim foi desvirginada.

O TUTUIU, nessa única vez na vida, deslumbrado pela magia daquela cena lírica, emitiu um canto de inigualável e afinada beleza, que ecoou pela vasta e alarmada planície.

Em seguida tudo ficou em silêncio.

O tempo parou.

A natureza ficou morta.

Virou paisagem, fotografia.

O sol foi o primeiro a se despertar.

A ave, ainda extasiada, alçou vôo.

Prosseguiu mapeando o destino que ainda precisava ser cumprido.

O RIO, ainda tonto pelo demorado e prazeroso encontro, seguiu na direção que a ave lhe apontava.


Finalmente, muitas léguas depois, para cumprir seu destino, o RIO AQUIDAUANA, entregando-se à morte, despejou suas águas na BACIA PANTANEIRA e, juntamente com outros rios que cumpriam o mesmo destino, deu vida ao nosso querido PANTANAL.

As aves e os bichos fizeram festa.

O Tuiuiú foi aclamado rei.

Muito tempo depois,
Cortado pela Estrada Parque de Piraputanga,
Às margens desse valente RIO AQUIDAUANA,
Ao pé da vigorosa SERRA DE MARACAJU,
Às margens da Ferrovia por onde passou e sempre haverá de passar o TREM DO PANTANAL,
À sombra da paisagem que marcou indelevelmente aquele encontro amoroso da natureza,
Foi erguido um povoado.
Um lugarejo rústico, de gente humilde.
Gente vinda de todos os lugares.
Pessoas que ao passarem por ali, ficaram e nunca mais saíram.
Gentes que aceitaram e respeitaram a natureza como ela é.
Gentes que se integraram e se transformaram em elementos da própria natureza.
Gentes que se transformaram em guerreiros protetores dessa beleza sem igual.
Gentes que, para não desbotarem a natureza, viraram pássaros e transformaram suas casas em ninhos.
Gentes que ao semearem sonhos, regados pela amizade, viram nascer um feliz vilarejo.
Um vilarejo cercado de coqueiros, macaúbas, buritis...
Um vilarejo que se transformou em Palmeiras.

PALMEIRAS DO RIO AQUIDAUANA.


(*Antônio Cezar Lacerda Alves é advogado militante em Campo Grande-MS)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Lançamento de livro produz momento histórico em Aquidauana


Escritas numa linguagem simples as narrativas de "Meu lugar é Aqui" são o retrato de uma época que não pode ser esquecida por uma cidade que aos poucos define como uma de suas características o turismo. A autora da obra, Jandira Trindade, firma-se, definitivamente, como uma das poucas cronistas do Estado.



Os textos da obra lançada na última sexta-feira (03) resgatam cenas que marcaram a vida de muitos aquidauanenses, algumas das quais lembradas por Paulo Correa, na cerimônia. "Bons tempos aqueles", disse, ao final de sua fala.



Jandira foi o centro das atenções do grande público que compareceu ao salão social da Matriz Imaculada Conceição, Igreja que marcou grande parte de sua história. O livro é uma seleção de algumas crônicas publicadas nos últimos 12 anos, no jornal O Pantaneiro. Emocionada citou apoiadores e fez menção especial ao estímulo dado por Sandra Leal, quando esta escrevia, no mesmo jornal, a coluna "Mulher Nota 10".



Primeira a se manifestar a professora Zilda Monteiro conclamou Jandira a olhar à sua volta e ver nos muitos amigos presentes uma prova de admiração. Na sua fala, em seguida, o professor Paulo Correa mencionou fatos, personagens e lugares resgatados na obra, para em seguida definir a autora como cronista da memória de Aquidauana.



Os "bons tempos" registrados por Jandira foram lembrados por Américo Calheiros, diretor da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, parceira no projeto do livro que também teve o apoio do Governo Municipal de Aquidauana. Os prefeitos Fauzi Suleiman e Claudio Valério, dos municípios irmãos, exaltaram a história de Jandira, partilhada nos dois lados do Rio Aquidauana.



"Uma cidade que tem uma história como a nossa, tem pouca gente que parou para escrever", disse Fauzi, destacando a "memória prodigiosa" da cronista: "Aquidauana agradece", concluiu o chefe do executivo. Américo Calheiros, reforçando as palavras de Fauzi, observou que cada vez menos as pessoas cuidam de sua memória. "Podemos não viver no passado, mas ele de alguma forma nos alimenta", disse.



As músicas interpretadas pelo Arara Azul e pelo duo "Noites Brasileiras" e as homenagens de familiares foram uma forma de agradecer Jandira Trindade pelo presente literário dado à Aquidauana e Anastácio. "Seu lugar é aqui, em nosso coração", destacou faixa descerrada no derradeiro momento da noite de autógrafos. Foi um momento para ficar na história.







Fonte: Agência de Comunicação Social