terça-feira, 22 de dezembro de 2009

André assina decreto de criação do Geoparque Bodoquena

Com vistas a receber o título de segundo geoparque oficial das Américas, Mato Grosso do Sul formaliza nesta terça-feira (22) a criação do “Geoparque Bodoquena - Pantanal”. O governador André Puccinelli vai assinar, às 10h, na Governadoria, o decreto que institui ainda o conselho gestor e que representa um importante passo na consolidação desta área preservação.
O geoparque Bodoquena - Pantanal envolve 39.700 quilômetros quadrados da região sudoeste do Estado, onde estão situadas diversas riquezas geológicas, nos territórios de Anastácio, Aquidauana, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Corumbá, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Ladário, Miranda, Nioaque e Porto Murtinho. No total, estão inseridos nesta área 54 geossítios, entre grutas, pedreiras, baías, minas, cachoeiras, nascentes, monumentos, etc.

Com o decreto, o governo do Estado passa a ter um aparato legal para que a região seja reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e inserida da “Rede Mundial de Geoparques”. O documento formaliza diversas atividades já consolidadas, tanto nas escalas de preservação e pesquisa, quanto nas áreas de turismo e desenvolvimento.

Segundo a técnica da Unidade de Conservação do Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), entre os cerca de 20 projetos para a instituição de geoparques no País, Mato Grosso do Sul é o que está mais embasado e com condições de receber o selo da Unesco, o que deve ocorrer em 2010.

Para definir as áreas e os roteiros que comporiam o geoparque, o governo do Estado, por meio das Fundações de Turismo, Cultura e o Imasul, em parceria com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MS) e as prefeituras, realizaram desde 2008, oficinas e seminários. Nesses encontros foram discutidas estratégias de preservação e desenvolvimento com base em ações educativas e roteiros turísticos focados no patrimônio geológico, paleontológico, arqueológico e histórico da região da Serra da Bodoquena e Corumbá. Participaram também dos estudos as universidades federais de Brasília (UnB), São Paulo (USP) e Mato Grosso do Sul (UFMS).

O Geoparque Bodoquena – Pantanal possui diversos aspectos característicos de um geoparque nos moldes da Unesco, como a presença de fósseis de preguiças-gigante, tigres-dente-de-sabre e mastodontes. Além destes, fósseis dos primeiros seres vivos surgidos no planeta - há mais de 560 milhões de anos -, sendo um deles a corumbella, em homenagem a Corumbá, onde o fóssil foi descoberto. O local também abriga diversos sítios arqueológicos e históricos relevantes que contam a história da mineração em Corumbá e a Retirada da Laguna e também um rico patrimônio cultural traduzido pelo modo de vida pantaneiro, pelas artes gráficas e cerâmicas terena e kadiwéu, entre outros.

Geoparques

A elevação à categoria de geoparque, uma chancela oficial da Unesco, é uma ferramenta de preservação para áreas dotadas de importantes testemunhos geológicos e paleontológicos da evolução da Terra, e também objetiva fomentar a educação, inclusão social, divulgação científica e o turismo. Desde a criação do Global Networks of National Geoparks, em 2004, a Unesco já chancelou 57 geoparques ao redor do mundo, sendo apenas um nas três Américas - o Geoparque do Araripe, no Ceará, em 2006.

O geoparque favorece a elaboração de modelos alternativos de gestão territorial, não impondo regras fixas. Na verdade, ele pressupõe critérios de gestão e desenvolvimento de atividades econômicas menos restritivas. Além da visibilidade internacional proporcionada pela chancela, a implementação do selo "Unesco Geopark" favorece a possibilidades de financiamentos internacionais estimulados por uma chancela deste porte – a região do Araripe, por exemplo, já recebeu cerca de US$ 65 milhões de empréstimo do Banco Mundial para realizar ações de infraestrutura e apoio ao setor produtivo da região, entre outros projetos.

Conselho Gestor

O conselho gestor do Geopark Bodoquena – Pantanal, responsável por diagnosticar, promover e divulgar ações necessárias para o desenvolvimento sustentável da região, será formado por representantes do governo estadual (Imasul, Fundtur e Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul); Iphan; Departamento Nacional de Produção Mineral; Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil; Comando Militar do Oeste; e as prefeituras dos 13 municípios envolvidos.

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